Por Carlito Carvalhosa
Alê Souto trabalha com caixas, geralmente de papelão, cobertas com desenhos esquemáticos (de cubos!) em linha grossa e vermelha. São cubos que desmancham cubos. Desmanche e Empilhamento são chaves para elucidar sua poética. O primeiro é um carro, na rua, coberto com papelão de embalagens desmontadas, pintadas com linhas que se prolongam pelo asfalto. Junto ao meio fio, Desmanche parece um carro de brinquedo que cresceu, esperando algum personagem de desenho animado que vai ligar a ignição e sair por aí. As linhas refazem num outro plano os cubos desmontados para cobrir o carro. Carro, papelão e desenho se desfazem um no outro, enquanto a rua e o meio fio deixam a dúvida se afinal isso vai ou não vai sair andando.
Empilhamento usa a mesma estratégia, mas como as caixas estão montadas, os desenhos só criam volumes mais ativos com o empilhamento. Aqui a ação soma os blocos, ativa o desenho (e desmancha o conjunto). Duas ações opostas definem o trabalho de Alê: sem fim nem começo muito claros, ele prossegue para todos os lados, desfazendo o espaço num cubismo peculiar e irônico.
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